ATA DA QÜINQUAGÉSIMA QUARTA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 02-12-2003.

 

 


Aos dois dias do mês de dezembro de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e dez minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Maestro Frederico Gerling Júnior, nos termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 356/03 (Processo nº 4656/03), de autoria do Vereador Carlos Pestana. Compuseram a MESA: o Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Mário Panaro, Cônsul-Geral da Itália; o Senhor Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre; o Maestro Frederico Gerling Júnior, Homenageado; o Vereador Carlos Pestana, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional, pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre – OSPA – e pelo Coral da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, sob a regência do Maestro Túlio Belardi, e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Carlos Pestana, em nome das Bancadas do PT, PCdoB, PDT, PMDB, PPS, PSB e PTB, teceu considerações a respeito da trajetória pessoal e profissional do Homenageado, expondo os motivos que levaram Sua Excelência a propor o Título hoje entregue por esta Casa e destacando o caráter empreendedor do Maestro Frederico Gerling Júnior na busca do crescimento cultural de Porto Alegre. A seguir, o Senhor Presidente registrou as presenças da Senhora Ana Harder, irmã do Homenageado; do Irmão Avelino Madalozzo; e da Senhora Helena Willian Oliveira, Pró-Reitora de Assuntos Comunitários da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, representando o Irmão Norberto Rauch, Reitor dessa instituição. Após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PP, saudou o Maestro Frederico Gerling Júnior, afirmando que, de todas as formas de comunicação entre as pessoas, a música é a que mais envolve e integra, sendo expressão do que de belo existe na alma humana. Ainda, leu trechos do libreto “Dois poemas ao sol”, de autoria do Homenageado. O Vereador Cláudio Sebenelo, em nome da Bancada do PSDB, mencionando a figura do Maestro Heitor Villa-Lobos como um dos símbolos da cultura brasileira, analisou o significado da música como catalisadora das emoções humanas. Finalizando, declarou ser motivo de orgulho para a Cidade a incorporação do nome do Maestro Frederico Gerling Júnior no rol de cidadãos honorários de Porto Alegre. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou o recebimento de correspondências alusivas à presente solenidade, enviadas pelo Vereador Carlos Alberto Garcia; pela Senhora Marli Dossin, Assistente da Direção Artística da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre; pelo Senhor Marcos Adriano dos Santos Schleintvein, Chefe de Gabinete da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento, em nome do Senhor Odacir Klein, Secretário dessa Pasta; pela Senhora Talaine Selistre, do Cerimonial da Secretaria Estadual do Trabalho, Cidadania e Assistência Social, em nome do Senhor Edir Oliveira, Secretário dessa Pasta; pelo Deputado Estadual Ruy Pauletti, Presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; pelo Conselheiro Victor Faccioni, Presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul; pelo Senhor Armênio de Oliveira dos Santos, Chefe de Gabinete da Secretaria Estadual do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais; pelo Desembargador Vladimir Passos de Freitas, Presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região; pela Senhora Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, Presidenta do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região; pelo Senhor Eduardo Giugliani, Diretor da Faculdade de Engenharia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, parabenizando o Vereador Carlos Pestana pela proposta da presente solenidade, discorreu sobre a importância ao Maestro Frederico Gerling Júnior junto à cultura do Rio Grande do Sul e do Brasil, afirmando ser o Homenageado um exemplo de personalidade marcada pela competência profissional e pela dedicação à música. A seguir, o Senhor Presidente convidou o Vereador Carlos Pestana e a Senhora Adriana Cardoso de Almeida, Coordenadora do Instituto de Cultura Musical da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, para procederem à entrega do Diploma e da Medalha referentes ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Maestro Frederico Gerling Júnior. Após, foi apresentada a peça musical “Oh! Mio Bambino Caro”, da ópera “Gianni Schichi”, de Giácomo Puccini, interpretada pela Soprano Adriana Cardoso de Almeida e pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, regida pelo Maestro Túlio Belardi. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Maestro Frederico Gerling Júnior, que agradeceu o Título recebido. Também, foram apresentadas as peças musicais “Va Pensiero”, da ópera “Nabucco”, de Verdi, e “Ode à Alegria”, de Beethoven, interpretadas pelo Coral da PUCRS e pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, regidos pelo Maestro Frederico Gerling Júnior. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense, interpretado pelo Coral da PUCRS e pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, regidos pelo Maestro Túlio Belardi, e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e quarenta e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador João Antonio Dib e secretariados pelo Vereador Carlos Pestana, como Secretário "ad hoc". Do que eu, Carlos Pestana, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Muito boa-noite. Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o Maestro Frederico Gerling Júnior. Quando das comemorações dos 230 anos da Câmara Municipal, nos Concertos Comunitários Zaffari regidos pelo Maestro Frederico Gerling Junior, foi anunciado que ele seria o novo Cidadão de Porto Alegre. Hoje nós estamos aqui reunidos para que lhe seja outorgado o Título de Cidadão de Porto Alegre, com muita honra para nós.

Compõe a Mesa o nosso ilustre homenageado Maestro Frederico Gerling Junior; o Dr. Mário Panaro, Cônsul-Geral da Itália; o Dr. Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Apresentação do Coral da PUC e da OSPA sob a regência do Maestro Túlio Belardi, que executa o Hino Nacional.)

 

Agradecemos ao Maestro Túlio Belardi, que foi o terceiro cidadão a receber, da Casa do Povo de Porto Alegre, o Título de Cidadão Integração.

A homenagem que se presta hoje é a um maestro que ama esta Cidade. Eu sempre disse que a música é a fala dos anjos e, realmente, é uma verdade. E o Maestro mandou-me uma série de partituras e eu, que gosto de música, não sei lê-las, não sei como usá-las. Então, eu tentei compor as partituras que o Maestro mandou para ver se nós fazemos uma mensagem, que nas partituras eu li o amor a Deus do nosso Maestro. A primeira diz: “Vejo a Deus, Rei dos reis, que maravilhoso; faremos uma missa breve; entoaremos um Te Deunt”. E depois ele fala na Stabat Mater, e para ela ele faz dois poemas ao sol. Eu não sei música, mas fiquei encantado com as partituras que eu recebi e que serão entregues à biblioteca da Casa do Povo de Porto Alegre.

O Ver. Carlos Pestana, proponente da homenagem, está com a palavra e falará em nome do PT, PDT, PTB, PMDB, PPS, PSB e PCdoB.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Primeiro, queria colocar que, normalmente, quando venho a esta tribuna, como Vereador desta Casa, faço as minhas falas, os meus discursos de improviso, não tenho o hábito de trazer nada escrito. Mas, em função de um conjunto enorme de atividades culturais que o Maestro promoveu nesta Cidade e no conjunto da sua vida, até me obriguei a trazer um arrazoado, sob pena de esquecer uma série de ações que o Maestro, nesses anos todos, já promoveu.

O Maestro Frederico Gerling Júnior, nascido em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, iniciou sua carreira em São Paulo, regendo os corais da rede municipal da cidade de São Paulo. Em 1950, veio para Porto Alegre, onde, no mesmo ano, fundou o Coral Händel; fundou o Coral SESC; fundou o LICEU Rio-grandense; instituiu a Associação Lírica Porto-alegrense. E, antes disso, já havia sido Diretor Artístico e regente da Sociedade Lírica de Pernambuco; Diretor e Produtor da TV Canal 2 de Recife. Teve participações no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, bem como no Teatro Guaira em Curitiba, como também já havia fundando o Coral Sinfônico do Paraná.

Em 1972, volta para Porto Alegre, assumindo a regência do Coral da Pontifícia Universidade Católica. Junto com isso forma o Centro Cultural Municipal, hoje, instituído como Instituto de Cultura Musical. Em 1986, passa a ser o Diretor e o Regente do Coral e da Orquestra.

Nesse período todo, o Maestro produziu e teve participação como regente em mais de sessenta produções de óperas no nosso Estado. Vou aqui também repassar algumas delas: A Viúva Alegre; Fausto; La Traviata; Carmen; Rigoletto; Aída; O Morcego; O Guarani e outras tantas que teve a regência do Maestro Frederico Júnior.

Além dessas ações, produziu mais três óperas voltadas para as crianças, em 1997: O Barbeiro de Sevilha, A Flauta Mágica, O Elixir do Amor.

Em 1994, já teve, por parte da Assembléia Legislativa do nosso Estado, o reconhecimento como Gaúcho Honorífico e, neste mesmo ano, recebeu a Medalha Simões Lopes Neto. Não bastasse o conjunto de ações de atividades culturais, produziu, ajudou a construir os Concertos Comunitários Zaffari, com a presença de mais de 600 mil pessoas nesses concertos, que procuram, com muito êxito, com muito sucesso, popularizar a música clássica.

Então, um conjunto de ações, de iniciativas fizeram com que este Vereador, juntamente com a Câmara de Vereadores, prestasse esta justa homenagem ao Maestro. Eu acho que mais importante, mais significativo do que o Título que hoje nós estamos dando ao Maestro é o reconhecimento, a amizade dessas dezenas, talvez, centenas de amigos e admiradores que se encontram, hoje, neste plenário. Isso, sem dúvida nenhuma, é muito mais significativo do que esta singela homenagem, que teve a iniciativa deste Vereador e que foi aprovada pela unanimidade dos Vereadores desta Casa.

Neste momento, eu queria agradecer ao Maestro, que, há poucos minutos antes de entrarmos neste plenário, me agradecia por esta homenagem. Eu dizia ao Maestro: “Quem deve agradecer sou eu”, porque o que houve de pessoas que contataram com o Gabinete para, simplesmente, saudar esta iniciativa, para parabenizar este Vereador, que nada mais fez do que lembrar da figura do Maestro, foi um número extremamente significativo.

O carinho, que, de certa forma, também se traduz na grande presença de pessoas nesta Casa, não se expressa, simplesmente, na entrega deste Título. De qualquer forma, é uma pequena, mas sincera homenagem desta Casa a alguém que fez tanto pela cultura da nossa Cidade, do nosso Estado. Parabéns, Maestro! (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu desejo registrar a presença da Sr.ª Ana Harder, que é irmã do nosso homenageado e que veio dos Estados Unidos para dividir com o seu irmão a felicidade desta homenagem. Registro também a presença da Pró-Reitora de Assuntos Comunitários, Prof.ª Dr.ª Helena William Oliveira, representando o Magnífico Reitor da PUC, Irmão Norberto Rauch; do Irmão Avelino Madalozzo.

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra e falará em nome do seu Partido, o PP.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) De todas as formas de comunicação, a música é a que mais transmite, a que mais envolve, a que mais integra e que tem maior alcance no tempo e no espaço.

Ouvir música é um privilégio que poucos têm e que menos ainda desfrutam. E, no entanto, só é comparável ao de fazer e executar música, pois um não pode superar o outro, pela excelsitude de que cada um está revestido, acima da própria compreensão humana.

Espero que todos percebam que me refiro à boa e verdadeira música, aqui entendida como arte, como expressão do que de mais belo existe na alma humana, como linguagem transcendental, graça divina superior à própria inteligência capaz de falar também ao espírito ignaro e mesmo aos irracionais.

Bem-aventurados, então, os que ouvem ou que fazem música, pois receberam a graça do contato transcendental e da proximidade com o divino.

Bem-aventurados os que cultuam e divulgam a música, pois são mensageiros da arte e do belo.

Bem-aventurados, enfim, os que fazem da música uma parte de seu ser, mais do que um objetivo de vida, a consubstancialidade da própria vida.

É o caso do nosso homenageado de hoje, o já gaúcho honorário e, agora, Cidadão Honorário de Porto Alegre, o Maestro Frederic Gerling Junior.

E quero cumprimentar, enfaticamente, o ilustre Vereador Carlos Pestana, pela oportunidade e inteligência da proposta de concessão deste Título, que recebeu a aprovação unânime dos Vereadores de Porto Alegre, espelhando o pensamento e a vontade da população da Capital.

Falar de Frederic Gerling Junior é falar de música e, ao mesmo tempo, falar de fé e de comunhão com a natureza.

É, também, falar de viver e de conviver, de ser e de realizar, de aprender e de ensinar.

É falar de dar e de receber, de ter e de transbordar, de semear e de compartir.

E é esse exatamente o motivo por que os porto-alegrenses quiseram, através da sua Câmara de Vereadores, torná-lo Cidadão Honorário de Porto Alegre.

Frederico Gerling Junior tem um portfolio invejável em termos de serviços prestados à cultura porto-alegrense, que só tem feito crescer desde que, em 1950, morou em Porto Alegre pela primeira vez, e no qual se destacam os cursos e encontros de música, a série de espetáculos eruditos trazidos à Cidade e a idealização dos Concertos Comunitários Zaffari, que têm levado a música ao povo e já se tornou uma referência cultural em nossa Cidade.

Talvez algumas poucas pessoas possam equivaler-se a ele no volume de produção cultural.

Talvez raríssimas possam fazê-lo com o mesmo devotamento, a mesma inteligência e o mesmo brilho.

Mas creio que talvez ninguém possa igualá-lo na sensibilidade com que capta as manifestações da natureza, expressões verdadeiras do pensamento e da voz de Deus, e as transforma em ações musicais que, altruisticamente, faz transbordar de si para a comunidade.

Assim, toda sua obra, na criação ou no exercício da música, está impregnada de fé, alcançada na graça de uma vida plena do bom e do belo, e que faz espraiar pela realidade exterior.

Para encerrar, colho do libreto Dois Poemas ao Sol, de autoria de nosso homenageado, um pequeno trecho, que bem espelha o que acabei de afirmar:

“Pensei na importância do nascer do sol – ele acaba dissipando a escuridão, oferecendo-nos um novo dia, com todas as oportunidades, inclusive a de tentar mais uma vez orientar e direcionar nossas vidas em benefício dos semelhantes. Corações atribulados e almas sombrias, contemplando o amanhecer, poderão encher seus corações de amor, fé e esperança, cantando o Hino ao Sol, revertendo o sentido de suas vidas”.

Em meu nome e dos Vereadores João Dib, Pedro Américo Leal e Beto Moesch, da Bancada do Partido Progressista, nesta Casa, obrigado, Maestro Gerling, por sua participação em nossas vidas. E receba nossos cumprimentos pelo Título que agora recebe.

Que Deus continue a lhe dar talentos, para que possa distribuí-los, generosamente, a toda a sociedade. Parabéns.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra e falará em nome do seu Partido, o PSDB.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Neste momento, queria dizer uma frase que o Ver. Carlos Pestana – vou fazer uma inconfidência – disse-me: que ele nunca foi tão cumprimentado na sua vida de Vereador como hoje por ter escolhido o Maestro Frederico Gerling Junior. Eu tenho uma sensibilidade imensa que aflora à pele quando o Maestro Berlardi toca o Hino Nacional com orquestra e coral, isso mexe muito com a gente. Como a gravação do Hino do Rio Grande do Sul, também, que encerrava as programações da TV Educativa de Porto Alegre, e todos os dias a emoção é a mesma. Emoções imensas de estar encontrando inúmeras pessoas, que são muito queridas minhas, como o grande pianista gaúcho e médico, Dr. José Luiz de Couto Natorf, meu querido amigo, que hoje eu tenho a felicidade de encontrar.

São esses momentos fantásticos, Maestro, que fazem com que a música seja o grande catalisador da melhora das relações sociais. Uma das maiores emoções da minha vida senti no ano passado, quando eu e minha mulher caminhávamos de madrugada, em Paris, e, de repente, vimos uma plaquinha em uma parede que dizia assim, em francês: “Aqui morou Heitor Villa-Lobos, o maior intérprete da alma brasileira”. Foi um momento fantástico de emoção e patriotismo num reconhecimento ao artista brasileiro, que previu, que entendeu e que explicou a mestiçagem brasileira. Villa-Lobos é contemporâneo de Stravinski, e a sua “Sagração da Primavera” com a onomatopéia de todos os sons da primavera foi quase que plagiada por Heitor Villa-Lobos em "Sinfonia Amazônica". E os sons da mata, os sons dos pássaros, do vento, da natureza estavam da mesma forma, no mesmo estilo, na mesma contemporaneidade de Stravinski e Villa-Lobos, que eram íntimos amigos. E Villa-Lobos era apaixonado e disse isso, muitas vezes na vida, por “Sagração da Primavera”.

Da mesma forma ele conviveu com Debussy, e se vocês ouvirem a delicadeza de “Clair de Lune” vocês vão ver também a delicadeza da “Valsa da Dor”, que é uma valsa até depressiva, como todas as músicas do final de vida de uma pessoa, especialmente de Villa-Lobos, mas nós entendemos assim que a “Valsa Triste de Sibellius”, que Villa-Lobos era um apaixonado, é também uma forma de ver como são comuns, como os sentimentos e como as inspirações se aproximam musicalmente, estejam em qualquer parte do mundo, da parte mais fria à mais tropical delas.

Eu falo nisso, maestro, com uma inveja muito grande sua de ter escolhido esta capa que eu procurei... Porque isto aqui é o pôr-do-sol de Porto Alegre, claro que não é Porto Alegre, mas é muito parecido com o de Porto Alegre. Eu lancei um livro de poesias há um mês e eu procurei desesperadamente por uma foto, a foto que eu queria para o meu livro está aqui no seu livro. Este livro é maravilhoso e é um presente que nós recebemos da Câmara, e eu quero agradecer publicamente pelo presente que eu recebi do Ver. João Antonio Dib, que chama-se "Concertos Comunitários Zaffari n.º 1", em que o esplendor do seu Coral é fantasticamente valorizado na "Carmen", naquele baixo cantor maravilhoso, e eu todos os dias ouço no carro, quando eu venho para a Câmara, do hospital para cá, eu coloco no máximo o som do meu carro, e ponho o CD dos "Concertos Zaffari", e fico escutando enlouquecido de felicidade, de ter momentos de solidão e de música. Porque não há coisa mais linda do que a tradução da psicomotricidade fina da inspiração de um pintor numa tela transmitindo, e permitindo, que o público sonhe, crie imagens, rostos, panoramas. Não há felicidade maior do que falar a língua fantástica das partituras. E essa sensação, peço ao Maestro, como brasileiro, e apaixonado por Heitor Villa-Lobos, que um dia o inclua em seus concertos - sei que é difícil, porque não temos música coral. E, às vezes, fico pensando numa música, uma sinfonia com o “Chorus Line”, de um autor brasileiro; isso, para mim, seria, talvez, um dos maiores momentos de aproximação do ser humano, neste verdadeiro momento de felicidade, traduzido aqui pela presença dessa orquestra tão querida nossa, desta idéia magnífica do Ver. Carlos Pestana de homenagear um homem que é de um Estado chamado Santa Catarina, que nos produziu, recentemente, Maestro, uma Orquestra de Câmara de Blumenau, que foi uma das belas coisas que a música erudita brasileira, com música seiscentista, produziu e que para nós é um dos momentos altos dessa magia que entra pelos ouvidos e consegue mexer com todo o nosso afeto, com toda a nossa loucura e com todo o nosso fascínio.

É disso que estamos falando; estamos falando dessa doida sensação de sentir uma música, de ouvir uma música, de dormir, de chorar profundamente na tristeza dos tons menores e de, às vezes, sair disparando em louca corrida pela felicidade das grandes sinfonias que o mundo produziu e que fazem com que o motor da humanidade se acalme um pouco, faça menos barulho e ouça, quase dormindo, a incrível sensação de produzir o que um maestro da envergadura do Maestro Frederico Gerling Junior produziu brilhantemente em sua vida artística, que é para nós motivo de orgulho, que é para a Cidade a incorporação de mais um cidadão entre seus extraordinários artistas, que tem como assinatura magnífica esse Coral que hoje nos encantou. Muito obrigado. (Palmas.)

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Recebemos correspondências encaminhadas ao Maestro pelo Professor Carlos Alberto Garcia, Vereador-Líder do PSB; pelo Diretor Eduardo Giugliani, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Engenharia; pelo Desembargador Federal Vladimir Passos de Freitas; pelo Chefe de Gabinete da Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais, em nome do Secretário, Armênio de Oliveira dos Santos; do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, da Presidenta, Rosa Maria Weber Candiota da Rosa; do Professor Ruy Pauletti, Deputado Estadual; da Talaine Selistre, Chefe de Gabinete do Deputado Federal Edir Oliveira; do Dr. Odacir Klein; do Conselheiro Victor Faccioni, Presidente do Tribunal de Contas do Estado; da Fundação da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, Dona Marli Dossin, e também, assinado pela Dona Marli Dossin, um abraço que o Maestro Isaac Karabtchevsky, que não se encontra em Porto Alegre, pediu que encaminhasse a Vossa Senhoria.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Porto Alegre devia ao Maestro Frederico Gerling Júnior uma homenagem. O Rio Grande do Sul, de certa maneira, em 1994, ao escolhê-lo Gaúcho Honorário, ou em 1996, ao outorgar-lhe a Medalha Simões Lopes Neto, já havia iniciado o resgate. Era necessário, porém, que a sensibilidade do Ver. Carlos Pestana promovesse esta homenagem que hoje, aqui, se realiza e que é, em nível porto-alegrense, o tributo justo e merecido a quem, de coração, optou por se aquerenciar nestas plagas e aqui promover esse grande incremento cultural ao longo de todos esses tempos.

Esse catarinense emérito nós fomos capturar em São Paulo e aqui se sentiu tão em casa e não mais saiu. Por isso, Maestro Gerling, eu tomo a ousadia de assumir a tribuna depois de o senhor já ter sido saudado por oradores brilhantes, que, com toda a razão e com toda a justiça, cantaram em prosa e verso o magnífico trabalho que o senhor realiza aqui no Rio Grande do Sul, e, mais do que no Rio Grande, em nossa Cidade.

Acho que já foi lembrado o seu trabalho no coral do SESC, na Associação Lírica Porto-Alegrense e em tantas outras atividades pelo senhor desenvolvidas na área da música, e, especialmente, a regência do coral da PUC desde 1972. Setenta e dois para mim é uma data muito marcante. Três anos antes eu havia saído da Pontifícia Universidade Católica, formado em Direito, e em 72 concorria, pela primeira vez, a um pleito municipal. E pela bondade de uma ponderável parcela da população de Porto Alegre, eu era, pela primeira vez, guindado à condição de Vereador de Porto Alegre. Mas não me desvinculava da PUC. Os liames de uma vida universitária intensa em duas das suas faculdades, de uma das quais eu tenho colegas presentes no dia de hoje, deram-me, com aquela instituição universitária um vínculo muito forte. E nós sabemos o que representa para a PUC o seu coral. E sabemos o que representa para o coral a sua presença. Então nós não podíamos, sob pena de omissão, mesmo correndo o risco de empanar um pouco o brilho à sua homenagem, deixar de nos manifestarmos neste momento. Pedimos vênia ao Ver. Pestana, que é o grande homenageante da noite, para aduzir estas nossas colocações de ordem eminentemente pessoal, que reproduzem o sentimento do nosso Partido, o Partido da Frente Liberal, que, não se omitindo, comparece nesta tarde. E, ao saudá-lo, agradece, não só pelo trabalho, mas pelo exemplo. O exemplo, mais do que o trabalho, gratifica-nos, porque o senhor nos enseja que a sensibilidade do Ver. Carlos Pestana nos permita apresentar ao Rio Grande do Sul um exemplo maravilhoso de competência e de amor ao que faz. Nessas horas a gente lembra de alguns pensadores, como Fernando Pessoa, que nos dizia que tudo vale a pena quando a alma não é pequena; então a gente podia parafraseá-lo e dizer que quando a gente faz as coisas com amor, a gente faz melhor, e o senhor é excelente porque faz com amor, faz com dedicação, gosta do que faz, e gostando do que faz, sempre o faz de forma a merecer os melhores e maiores reconhecimentos. Muito obrigado, Maestro, a sua música nos encanta, mas a sua personalidade nos domina, porque ninguém poderia fazer essa música com a qualidade que o senhor faz, porque não teriam surgido os Concertos Zaffari, que tanto sucesso fazem, essas 600 mil pessoas que se envolveram nessas edições dos Concertos Zaffari, cujo término, neste ano - por iniciativa do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre, desse Conselho que o senhor passa a integrar no dia de hoje -, foi realizado em homenagem a nós, da Câmara. Nada disso existiria se atrás deles não estivesse um homem que ama o que faz, que gosta de fazer aquilo que desejou fazer, que jogou uma vida inteira neste propósito e que, naturalmente, conseguiu o sucesso que o senhor conseguiu.

Por isso a Câmara de Porto Alegre quando lhe outorga o Título de Cidadão Honorário de Porto Alegre, quando lhe entrega ao Dr. Geraldo Stédile para compor, junto desses homens e mulheres que integram a nossa galeria, o faz de forma muito altaneira, mas, sobretudo, de forma muito reconhecida, acentuando, de um lado o reconhecimento e o agradecimento, e de outro, proclamando que Porto Alegre, pelos seus representantes, jamais deixará de fazer justiça àqueles que, pelo seu valor, pelo seu trabalho, pelo seu empenho, pela sua desenvoltura pessoal, realizam tarefas que mereçam ser destacadas. O senhor é um belo exemplo, por isso, com muita justiça, a unanimidade deste Legislativo consagrou a iniciativa do Ver. Carlos Pestana, fazendo-lhe Cidadão Honorário da nossa Cidade na Lei, porque de verdade e de coração, o senhor já é um homem de Porto Alegre há mais tempo. Seja, agora, de fato e de direito um Cidadão porto-alegrense. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Cidadão, Frederico Gerling Junior, os Vereadores são a síntese democrática de todos os cidadãos da Cidade, e foram eles que disseram que o querem na galeria dos Cidadãos Honorários da Cidade. Eu sei que V. Sa. há de considerar uma honraria, mas para a Câmara de Porto Alegre também é uma honra tê-lo nessa galeria de homens que marcaram a sua presença pelo seu trabalho, pelo seu amor à Cidade, pela sua doação, pela sua integridade, pela sua seriedade, mas, sobretudo, pelo amor que tem dentro de seu coração, expresso, sempre, na música.

É chegado o momento da outorga do Título e da Medalha, e eu convido a Sr.ª Adriana Cardoso de Almeida, Coordenadora do Instituto de Cultura Musical da PUC, e também o Ver. Carlos Pestana para entregarem o Diploma e a Medalha a que o nosso novo Cidadão de Porto Alegre faz jus.

 

(Procede-se à entrega do Diploma e da Medalha.) (Palmas.)

 

E, agora, neste momento, o nosso cidadão integração, o Maestro Túlio Belardi, com os seus magníficos músicos da OSPA, apresentarão a abertura da Ópera Gianni Schicchi “Oh!, Mio Bambino Caro”, de Giácomo Puccini. (Palmas.)

 

(Assiste-se à apresentação da peça musical “Oh! Mio Bambino Caro”.) (Palmas.)

 

Nós ouvimos “Oh! Mio Babbino Caro”, da Ópera Gianni Schicchi, de Giácomo Puccini. Meus cumprimentos à voz maravilhosa da soprano Adriana de Almeida. A Câmara vive um momento de muita felicidade, sem dúvida nenhuma. Maestro, obrigado pela improvisação, já que o roteiro era outro, meus cumprimentos a Vossa Senhoria.

O Sr. Frederico Gerling Junior está com a palavra.

 

O SR. FREDERICO GERLING JUNIOR: Meu Deus, que vergonha de subir aqui depois de tantos oradores magníficos e impressionantes. Eu fico até comovido e constrangido em ouvir tantos elogios, dos quais eu não sei se sou merecedor. Mas, antes disso, eu já perdi até o rumo do cerimonial. Sr. Presidente, João Antonio Dib, já de longos anos o conheço, acompanho seu trabalho. Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Ver. Carlos Pestana, passou o meu grande medo; o meu medo era que o Vereador fosse para a Comissão de Ética por falta de decoro por indicar meu nome como homenageado. Mas, pelo jeito, V. Exa. está salvo dessa, já recebi o Diploma. Agradeço ao Ver. João Carlos Nedel pelas suas palavras, ao Ver. Cláudio Sebenelo também pelas suas palavras, bem como ao Ver. Reginaldo Pujol. Agradeço ao meu colega, Maestro Túlio, por trazer esses músicos aqui, de improviso, sem a gente saber. E agradeço também os músicos que vieram aqui tão espontaneamente. Espero que não tenha de dar o troco para vocês depois, porque não será fácil. Vocês são terríveis! Já trabalhamos juntos há 30 anos, e, é uma alegria muito grande estar com vocês, e vocês estarem comigo. E ao meu coral que está aqui também. Que coisa maravilhosa!

Eu tomo a liberdade de fazer uma coisa muito informal, porque eu sou informal, não sou de muita cerimônia. Pensei: O que é a vida? Cheguei à conclusão de que a vida é a soma de momentos. Que momentos? Momentos de alegria, momentos de tristeza, momentos de decepção, momentos de êxtase, momentos de euforia, momentos de desespero. Mas todos esses momentos são necessários, porque sem luta, sem cruz não há coroa, e é atrás disso que nós esperamos que sejam recompensados todos aqueles que lutam.

Pensando nos momentos, eu penso na vida que é composta de momentos, por exemplo, do presente, do passado e do futuro: no passado, nós aprendemos; no futuro, nós sonhamos; e, no presente, nós vivemos. Que coisa importante pensarmos em todos esses movimentos! Esses movimentos nos dão a vida, que somam e acabam formando o nosso caráter e a nossa trajetória.

Eu gostaria de recordar, juntamente com vocês, alguns momentos do meu passado. Lá no passado, quando garoto - morávamos um pouco fora da cidade -, um dia, eu saí e sentei perto de uma árvore, onde havia passarinhos cantando. De repente, olhei para o chão e vi uma fila de saúvas carregando uma folha muito grande nas costas, muito maior do que a própria formiga. Eu, menino traquinas que era, pensei: essas formigas não vão mais para o ninho, não! Peguei um galho de árvore que havia perto e coloquei bem no trilho que elas faziam. Chegou a primeira formiga com aquela folha nas costas, esbarrou e caiu do galho. Subiu e caiu de novo. Aí, resolvi começar a contar as tentativas. Meus senhores e senhoras, eu contei 38 vezes; na 39ª, a formiga atravessou o galho que eu botei na estrada. Que espírito de luta! Quem não luta, não tem coroa. Isso trouxe para mim um espírito de perseverança que me acompanhou: é preciso experimentar sempre mais uma vez, que venha o fracasso que vier, mas a próxima vez poderá ser a vez da vitória.

Conversando em casa com o meu pai - ele participou da guerra de 1914 a 1918 –, ele nos contava alguns episódios daquela coisa trágica. Certa vez, ele me contou: “Nossa companhia foi cercada. Estávamos todos para sermos presos ou mortos”. Todos diziam: “Vamo-nos entregar!” E ele disse: “Eu não!” e saiu correndo, levou um tiro no braço, mas está vivo, e eu estou aqui. Juntem as duas coisas: a formiga e meu pai; não é que ele seja parecido com a formiga, mas os dois tiveram o mesmo espírito de luta. Meu pai disse: “Não, não chegou a minha hora, ainda.”

Mas, senhores, o homem vence enquanto acredita. Meu pai acreditou que poderia salvar-se. Sempre que temos um momento, uma luta pela frente, é preciso acreditar, porque se acreditarmos também chegaremos, com certeza, a essa luta que estamos ensejando.

Eu tive um momento muito importante na minha vida, que me calcou desde pequeno, porque até hoje eu sou muito perseverante, até teimoso às vezes, e luto, gosto de lutar. Quando eu tinha 11, 12 anos e entrei no ginásio, em Curitiba, o professor de música chegou na sala - aqueles professores, desculpe, Sr. Cônsul da Itália, de borboletinha, de pince-nez e de polaina daquelas antigas, de roupa bem alinhada - e disse: “Io sono il professore di musica”. E todos tivemos que nos levantar e perfilar, e ele disse: “Vou ensinar música”. E começou a nos ensinar teoria, e nós perguntamos: “O que é isso?” Ele respondeu: “Vou ensinar música para vocês!” Muito bem! E, aí, todos nós levantamos, cantamos uma música tão bonita que nunca me passa da memória, nunca sai do meu coração. E se o Túlio me permitir, vou dar uma chegada até a Orquestra. Posso? Posso tocar essa música para vocês? Eu vou lá! (Palmas.)

 

(O homenageado executa uma música. Assiste-se à apresentação.) (Palmas.)

 

Eu quero agradecer a esses músicos queridos que fazem parte da minha família. Músico para mim é irmão, e todos vocês são meus irmãos. De modo que, agora, vocês são irmãos de um Cidadão de Porto Alegre. (Palmas.)

A primeira impressão fica, foi dali que surgiu o meu amor e a minha paixão pela música erudita, pela ópera que eu tanto adoro, que eu tanto gosto, porque ela é um estilo de música completo. Ela tem de tudo, tem a música, tem a emoção, tem o drama, tem a dança, tem o canto, tem de tudo, é maravilhosa. A primeira impressão fica, e essa ficou no meu coração e na minha alma. Mas passa essa fase em que tudo é maravilhoso, todas essas impressões, a gente chega na adolescência, que idade braba, que idade triste, que idade maravilhosa, porque o adolescente sabe tudo; o adolescente é o dono do mundo, ele quer tudo, ele sabe tudo, e eu já fui adolescente desse tipo mesmo, confesso que eu fui desse tipo. Desculpem, eu faço essa mistura de música com educação, essa coisa, porque no fundo eu sou educador; o meu colega de formatura está ali, de Pedagogia e de Filosofia, porque eu lecionei muitos anos e também Psicologia, paixão pelo ensino e pela educação estão no meu coração, junto com a música, porque as duas funcionam maravilhosamente bem. Como eu disse, o adolescente sabe tudo. Um dia, eu vi uma pessoa cantando em uma reunião, na igreja, eu disse: “Bom, ele canta bem, mas eu canto melhor”. Eu tinha 12 anos, cheguei lá na frente e disse: “Eu quero cantar também”. “Mas você não pode cantar, você é muito menino”. E fui lá para a frente. O piano começou a tocar, e eu comecei a cantar, comecei a tremer e a letra da música caiu da mão. Mas adolescente também é danado. Eu peguei a letra da música que havia caído ao chão e cantei até o fim, porque eu me lembrei da formiga. Mas o pior me aconteceu no Rio de Janeiro. Eu era solista do coral Carlos Gomes, de São Paulo - eu tinha 13 anos, senão me engano -, era solista e estávamos fazendo um recital na ABI - Associação Brasileira de Imprensa do Rio -, e havia um colega meu no Coral que cantava muito bem também, mas eu disse: “Dessa vez, quem vai cantar sou eu”. Aquele adolescente danado! “Muito bem, então vai cantar”. Estávamos fazendo um concerto patriótico e pediram que eu cantasse “Ó Meu Brasil”, de Vicente Celestino: “Ó Meu Brasil, quando eu contemplo o teu passado...” E lá fui eu cantar Vicente Celestino. Minha gente, há um agudo no fim da música, e, na hora do agudo, entrou uma mosca na minha boca. Que castigo para um adolescente pretensioso e vaidoso! Mas eu me lembrei da formiga, fui lá dentro, voltei e cantei até o fim. Ganhei bastante palmas. Não tantas como hoje, mas ganhei bastante também.

Mas o que é? É o adolescente, minha gente, que precisa de um jardineiro. Eu gosto muito de flores e plantas. O jardineiro pega aquelas plantas, arruma, bota terra em volta, rega, poda até que elas fiquem bonitas. Se houver vento, balançam muito, ele arruma, bota uma escora para que elas não se estraguem, para que não quebrem, para que não venham a se prejudicar e dêem aquela flor maravilhosa. O adolescente precisa de “calma moço, devagar, vamos arrumar a tua vida, não é bem assim!” Por quê? O adolescente, se não é formado nessa parte da vida, torna-se um adulto que jamais vai reconhecer a sua culpa pelos erros que comete. E, se ele é adulto formado dentro de um esquema, ele vai reconhecer os seus erros, ele vai dizer: “Bom, eu errei”. E essa pessoa, se não formada, vai se esquecer dos outros. E acho que a pior coisa que existe no mundo é nós nos esquecermos do nosso semelhante. Ele se esquece do quem tem de fazer, de que o semelhante é igual a ele, que tem uma obrigação com ele. E o pior, ele se esquece de tudo, e quantas vezes se esquece de Deus também. Essa adolescência é importante, para mim foi importante ouvir aquela música bonita saindo, maravilhosa. Eu vi aquela formiga lutando para vencer aquilo. Mas foi por quê? Porque se viu que houve uma formatura de alguém que tinha de lutar para vencer, porque a vaidade não leva à nada. Se queria uma coroa, eu tinha de lutar.

Não posso me prolongar, porque, daqui a pouco a campainha do nosso Presidente tocará, não quero me prolongar. Mas um outro momento maravilhoso no qual eu já pude aplicar um pouquinho da minha adolescência foi quando eu fui funcionário da Prefeitura Municipal de São Paulo. Em São Paulo havia os CRs, Centros de Recreação, nos quais os meninos de rua eram acolhidos. Havia mais de cinqüenta Centros de Recreação na cidade de São Paulo. Eu fui contratado para trabalhar música com essas crianças. Eu tinha sete corais em sete Centros: em Perdizes, havia outro na Praça Dom Pedro, em vários lugares. Ia de um para outro, um dia em dois, três; outro dia em dois, três. Esses meninos vinham da rua, tomavam seu banho, tomavam o seu lanche, uns iam jogar basquete, outros iam jogar vôlei, outros, pingue-pongue, e outros vinham para a sala de música. Ali eles aprendiam um pouco de música, cantavam hinos pátrios, cantavam toda a espécie de música, populares também. E que sucesso, meus amigos! Que coisa maravilhosa! Não seria uma boa maneira de, hoje, fazer isso proliferar, para tirar esses meninos da rua? Com menino não adianta briga, com menino não adianta crítica; o que o menino quer é exemplo. O exemplo é uma das coisas mais importante que existe. (Palmas.) Aprendi isso com Villa-Lobos. O caro Vereador falou tanto em Villa-Lobos. Depois eu brinquei com ele: “Você não sabe que eu fui aluno dele, não é?” Eu tive duas aulas com ele. Eu fui da Escola do Villa-Lobos. Ele tinha uma escola em São Paulo com o nome dele. Com ele, eu aprendi aquele movimento – os senhores devem estar lembrados – que juntava 15, 30, 40 mil crianças num estádio. Lá cantavam. Eu estava junto com eles, com as crianças da minha escola do CR. Ali se cantava horas a fio, e aquela criançada toda, com aqueles uniformes brancos de Grupo, como usavam naquele tempo. Que coisa maravilhosa para formar o caráter de uma criança, de um adolescente que ali ia! Eles iam subindo, e iam subindo na sua vida também.

Meus amigos, hoje em dia se produzem vários tipos de música. Alguns produzem música para o cérebro. Então vão a um concerto, compram um CD e, com a partitura na mão, dizem: “Esta nota aqui não foi bem afinada, esta aqui o violino esqueceu de tocar”. Então, vem aquela música do cérebro, perfeita.

Há outros que fazem música para o pé. Outros fazem música para o coração. Foi o que sempre procurei fazer. A música deve chegar ao coração das pessoas, porque, no momento em que ela chega ao coração... E a maneira mais fácil de chegar ao coração de uma criança ou de uma pessoa é através da música. Esse sempre foi o nosso ideal. Sempre procuramos fazer isso para que elas tivessem... Muito bem, senhores, eu vou atrás de outras coisas. Por quê? Eu amo a música, e nós amamos aquilo que aprendemos. Aprendi, principalmente, a amar a música. Com esse amor pela música, tenho jogado a minha vida, procurando ser feliz, agora, aprendi também que só depois de partilhar se é feliz. Se eu tenho algum dom, que Deus me deu, eu só vou ser feliz se eu partilhar esse dom com os outros, porque, como aquelas crianças saindo tão felizes dos CRs, dos corais... Aí está o meu querido Coral da PUC, quanto eu o amo! São da minha família também, tanto quanto a Orquestra, que há 30 anos trabalha junto comigo, o Coral também. Nós formamos uma família porque amamos a música, e muitos a aprenderam desde o começo.

Nesta semana recebi um e-mail de uma pessoa que não conheço, que assiste aos nossos Concertos Zaffari, que disse: "As minhas duas filhas agora só querem saber de música." Num outro dia eu encontrei uma senhora, que me disse: "Eu estou gastando muito dinheiro por sua causa, a minha filha agora só quer comprar CD de Beethoven, de Mozart... A culpa é sua." Eu disse: "A senhora dê graças a Deus por ter essa filha maravilhosa, que gosta disso também." Porque quando amamos, nós amamos e conseguimos partilhar até sem querer. Essa é uma das grandes coisas que se tem. Uma pessoa formada quando adolescente, ela vai encontrar em cada ser uma oportunidade - por que uma oportunidade? – de transmitir também aquilo que ela aprendeu a amar e não deixar essa pessoa passar de lado. Não pode passar de lado porque ela não será feliz se não transmitir para os outros também aquilo que ela sente dentro dela. E o exemplo, se nós fazemos esta música, vale muito mais do que ensinarmos em uma sala de aula por horas e horas. Quando eu era aluno eu tive uma professora de Português e um dia ela me chamou: "Frederico, vem cá. Você tem uma responsabilidade muito grande na vida." Eu disse: "Por quê?" - "Porque o meu filho, quando crescer, quer ser igual a você." Eu disse: "Coitado! Mas não pode ser, professora Albertina." - "Ele quer ser como você. Ele quer cantar como você canta; ele quer tocar piano como você toca; ele quer jogar vôlei e basquete como você joga." A responsabilidade que nós temos. Sabem que foi um momento maravilhoso quando eu ouvi isso dessa professora, e também foi um momento terrível: "Meu Deus, que responsabilidade que eu tenho!" Isso me acompanha também durante a vida.

É preciso que tudo isso aconteça em nossa vida, que nós formemos, dentro deste amor que nós temos pela música e por aquilo que nós fazemos. A música é onipresente, meus amigos. Há alguma cerimônia em que não haja música? Até aqui tem, dentro da Câmara de Vereadores, Sr. Presidente. Eu não sei se vamos ser barrados de entrar, futuramente... Até aqui se faz música...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Maestro Belardi está acostumado a tocar aqui.

 

O SR. FREDERICO GERLING JUNIOR: Então, está bem! Muito bem, a gente também pode voltar? Está bem, voltaremos. Olhem, estou avisando a vocês também que poderemos voltar. Voltaremos, com todo o prazer, com toda a honra, agora que a Casa é meio minha.

Falei um pouquinho do passado. Cortei muito, porque já está tarde.

Falo do presente. Vim a Porto Alegre a convite da Universidade, da PUC. Digo minha PUC porque eu fui aluno da PUC, formei-me na PUC e lecionei na PUC.

Quando eu vim, o reitor era o Irmão Otão, o saudoso Irmão Otão. Ele disse: “Não precisa de uma pessoa para cuidar só do coral, não. Precisa fazer outra coisa.” Aí me pôs na sala de aula. Fui dar aulas de História da Arte, na Faculdade de Educação. Eu digo: “Está bem.” Aí o coral começou a crescer, crescer, crescer... Um coral de 17, que me entregaram, em 6 meses estava com 70 componentes. Aí ele disse: “É, então agora pode cuidar só do coral.” Ah, coisa boa!

O coral foi crescendo, fomos trabalhando com alegria imensa; hoje há pessoas que saíram do coral em todas as profissões, em todos os lados do Brasil. Já há milhares que passaram por ali em 30 anos. Cada coral nosso tem 80, 90, 100 pessoas, e isso vai variando.

A PUC, meus senhores - e aqui eu faço uma apologia; se quiserem contar para o Reitor, podem contar -, é um lugar maravilhoso de se trabalhar, realmente maravilhoso, minha gente. A recepção quando cheguei foi maravilhosa.

Cheguei na PUC numa noite, acho, de quinta-feira, e me apresentei. “Ah, pois não...” - o Irmão Ernesto. O saudoso Irmão Fidêncio levou-me até o Irmão Otão, e o Irmão Otão: “Ah, muito bem, muito bem... Então, amanhã, o senhor, por favor, venha aqui para a recepção.” Eu digo: “Está bom, eu venho.” “Eu quero conversar com o senhor.” - sério, assim, como o Irmão Otão era. Meus senhores, me levou lá em cima para a sala do refeitório dos Irmãos. Havia mesa cheia de guaraná, de docinhos, de salgados; pensei: “Onde é que eu fui... Que coisa boa!” Aí, foi uma palestra... Meus senhores, eu nunca vi uma coisa igual. Acabou a recepção feita pelo Irmão-Reitor, o Irmão Otão, na época, e disse: “Aqui está a chave do Salão de Atos, que vai ser o seu local de trabalho.”

Meus senhores, se alguém se queixar da PUC, é porque não cumpriu com o seu dever. Ali trabalhamos com amor, não há hora, não há domingo, não há feriado, não há final de semana; estamos sempre com o coração voltado para dentro da Universidade. Mas, senhores, isso não é sozinho! É com esse coral maravilhoso, que nos sustenta.

Nós temos alguns 4 ou 5 coralistas que nos acompanham nesses 31 anos em que eu estou na Universidade. Já desde aquela época vêm-me acompanhando, e, por isso, eu impus um 11º mandamento no nosso coral: suportai-vos uns aos outros. E nós seguimos esse mandamento, eles me suportam e eu os suporto também, mas isso é realmente maravilhoso. O nosso coral é uma coisa excepcional, as nossas mentes são sempre voltadas ao bem do outro, não vamos para nos exibir na praça pública, no teatro ou onde for; nós vamos ali para levar alegria para o povo, nós temos Deus no coração, e, senhores, nós não fazemos um movimento, um concerto, uma apresentação qualquer sem que todo o Coral se una de mãos dadas e reze o “Pai Nosso”. Por quê? Porque nós temos isso no coração. Música sem coração e sem Deus não existe. É isso que nos anima, é isso que nos leva para a frente. Não buscamos promoção própria, de maneira nenhuma, porque aquele que procura promoção própria não está no caminho certo, não vai para lá.

Devemos usar a música e sempre a temos usado em benefício dos outros. Por isso, eu confesso aos senhores, desculpem a vaidade, mas eu sou muito rico. O Túlio está rindo para mim. É verdade, Túlio, eu sou muito rico. A minha riqueza, senhores, é a paz que tenho de haver feito todo o possível para cumprir a minha missão nesta terra - é uma riqueza. Eu tenho uma poupança fantástica também, a poupança, meus senhores, é a satisfação e a alegria do público, depois de um concerto, é uma poupança tão grande que não cabe no Banco do Brasil, é muito grande, é importantíssima e não vai terminar nunca. Eu tenho uma fortuna, minha gente, a fortuna são os meus sonhos realizados. Isso me comove e me anima a continuar, a formiguinha não sai da minha cabeça, vamos em frente e vamos lutar, é a minha fortuna.

Sr. Presidente, este é um momento importante na minha vida, o dia de hoje, em que sou Cidadão Honorário, eu já era de coração - como disse um dos Vereadores, se não me engano o Ver. Reginaldo Pujol -, há muito tempo, agora eu sou realmente, de verdade. Não é este Diploma maravilhoso, essa Medalha que me vão tornar um cidadão melhor. Isso vai-me tornar um cidadão mais responsável ainda, muito mais responsável pelo povo de Porto Alegre - que é maravilhoso, que nos abriga de uma maneira extraordinária, simples, amoroso e dado a todas as comunhões que se pode fazer.

Eu sei que nós temos problemas em Porto Alegre, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, todos nós temos problemas, mas como Cidadão eu vou fazer agora minha profissão de fé: diante de todos os problemas, eu prometo ao Senhor que olharei para luz. Pode ser a escuridão que estiver na minha frente, olharei para a luz. O que é a luz? É o que há de bom em Porto Alegre. Em nome dessa luz farei melhor ainda. Se tivermos desânimo no coração, que o coração vacile, que o coração fique fraco – aliás o meu ficou fraco há um mês, quase morri com 14 de pulso; agora está forte minha gente, está muito forte, como Cidadão, então, está batendo a 120 –, Sr. Presidente e também Presidente da nossa Associação, eu prometo aos senhores de olhar para o Sol. O Sol simboliza o aquecimento de novo, o coração esfria e aquele Sol vai-nos esquentar, vai-nos animar para continuar nesta luta maravilhosa, sem esmorecer em nenhum momento. E olhando para o amanhã, Sr. Presidente, Srs. Vereadores e senhores presentes aqui, faço-o com o coração cheio de fé, mas muita fé e cheio de coragem. Por quê? Tendo fé e tendo coragem tenho certeza de que o dia de amanhã vai brilhar também.

Eu prometo, ainda mais, olhar mais ainda para os outros que sempre foram o meu fundo de trabalho, em prol dos outros, em benefício dos outros, vou olhar mais para os outros, vou olhar mais para as árvores maravilhosas de Porto Alegre, para esse lindo Guaíba - que me inspirou os dois poemas -, vou olhar mais para as plantas maravilhosas, vou olhar para tudo que temos de maravilhoso nesta Cidade, sem me esquecer de nada e, através da música, gerar felicidade para aqueles que nos contornam e aqui estão. Em todos eles, aqueles que estão em volta de nós, tudo que é natureza, tudo que são pessoas, tudo que são seres humanos nesta Cidade, vou continuar encarando como representantes de Deus, porque sem Ele nada acontece. Eu prometo que essa felicidade vai gerar felicidade para toda Porto Alegre, porque a música é a linguagem divina, creio nisso e nisso vou batalhar. Muito obrigado pela homenagem que recebi e pela presença de todos os senhores. (Palmas.)

 

(O Sr. Frederico Gerling Junior retoma a palavra.) (Palmas.)

 

Eu dei um susto nos senhores, mas não acabei, não! Deixei para o fim, para todos pensarem - agora pode tocar a campainha Sr. Presidente. Os Concertos Zaffari marcaram a minha vida. Cansado de fazer pouca música, queria fazer mais, fazer muito, eu bati um dia no escritório do Zaffari, falei com o Sr. Aírton, que me recebeu maravilhosamente bem - será que eu vou vender o meu peixe para ele, será que vou vender uns concertos para o Zaffari? Expusemos toda aquela coisa: vamos fazer um concerto assim, com orquestras, com ballet, o senhor vai ver que maravilha - e ele quieto assim me olhando. O Sr. Aírton é uma pessoa maravilhosa, aliás, toda a família. Acho que eles não estão presentes, mas os chamo de meio irmãos, porque os quero bem como irmãos. Ele disse: então vamos fazer um concerto, sim. E fizemos o primeiro concerto. Ah! que coisa maravilhosa dentro do nosso coração, que coisa maravilhosa! E dali foi indo, foi indo, de um concerto em outro, e estamos há dezesseis anos fazendo concerto, e digam a eles que nós queremos mais dezesseis, e o público não quer, mas nós queremos! Nós queremos levar alegria para esse povo, levar fé. Na saída de um concerto as pessoas vêm-nos abraçar, choram, dizem “o senhor colocou gasolina no meu tanque por um mês!”, “eu estava triste, vim aqui e fiquei alegre!” Um dia me vieram as lágrimas, uma senhora me abraçou e não me largava, não me largava, e disse: “Eu vim assistir a este concerto porque era o meu último dia, eu estava desesperada e iria-me suicidar hoje” - ela ouviu música e está viva até hoje, senhores. Nós não sabemos o que fica atrás daquilo que nós fazemos, o importante é a consciência limpa de que nós fazemos o que podemos. E o Zaffari se caracterizou por uma coisa maravilhosa. Posso chegar aí Túlio? Eu vou mais uma vez aí embaixo, se os senhores deixarem. Eu vou caracterizar o Zaffari e esta alegria que todos nós temos. (Palmas.)

 

(É feita a apresentação da OSPA com a regência do Maestro Frederico Gerling Junior.)

 

Apresentamos a “Ode à Alegria”, de Beethoven. Espero que todos saiamos alegres, não tão alegres quanto eu, tão felizes como eu, mas lembrem-se de nós que fazemos música por amor, para alegrar a todos vocês que nos assistem e a nós mesmos, pois é uma edificação fantástica, que jamais esqueceremos.

Muito obrigado a todos por esta oportunidade maravilhosa que tive na minha vida, vai ser o momento mais marcante de toda a minha vida, podem ter certeza.

Sou muito grato ao Sr. Presidente, ao caro Vereador Carlos Pestana, que teve a coragem e a honra de me indicar. Muito obrigado a todos! (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O senhor foi o protocolo hoje. Nos encaminhamos para o final desta justa e belíssima homenagem. O nosso Maestro Frederico Gerling Junior disse que a vida é feita de momentos e na realidade é isso mesmo. São momentos bons e outros não tão bons. Claro que ele hoje viveu um momento extraordinário, muito bom, que ele vai guardar na conta de poupança dele para quando surgir um momento que não seja tão bom, que ele possa recuperar.

Mas eu quero que cada um de nós, que viveu um momento extraordinário, possa iniciar o dia de amanhã de espírito desarmado, com o coração alegre e acreditando que é possível haver paz.

Eu quero agradecer pela presença do nosso ilustre homenageado, novo cidadão de Porto Alegre, dos componentes da Mesa e demais autoridades presentes e de cada uma das pessoas que se fizeram presentes.

Neste momento convidamos todos os presentes a ouvirmos o Hino Rio-Grandense, comandado pelo Maestro Túlio Belardi.

 

(Apresentação do Coral da PUCRS e da OSPA, que executam o Hino Rio-Grandense.)

 

Agradecemos pelaa presença de todos e damos por encerrada a presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 20h45min.)

 

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